segunda-feira, 18 de julho de 2016

CORPO E ESPÍRITO, INSTINTO E INTUIÇÃO



Somos ensinados a reprimir as expressões corporais e o nosso lado mais selvagem e instintivo, assim, como também, muitos negam sua essência espiritual, a intuição e o sexto sentido. Inibindo e estagnando as manifestações mais puras do corpo e do espírito.

O instinto animal é tão importante quanto a intuição espiritual. Estas duas redes de comunicação, assimilação e canalização energética, são como fios condutores que nos alimentam e nos mantêm saudáveis e integrados a nossa natureza terrena e espiritual.
A naturalidade das manifestações instintivas e intuitivas são muitas vezes desprezadas no excesso mental e em meio às exigências sociais. Assume-se papeis que não são condizentes com a verdade do ser, através de representações de personagens fictícios.

Há alguns dias, estava assistindo um filme que retratava a época das danças das cortes europeias, na Idade Média. Fiquei reparando a falta de espontaneidade, nos passos rígidos e automatizados. A coreografia artificial e sem graça, com trajes que escondiam o corpo, perucas e muita cafonice. A imposição da cultura do pecado do corpo, da culpa e do castigo em detrimento da comunhão entre corpo e espírito. Desde então, perdemos o contato com nossa alma.

À medida que o Homem foi se autodenominando civilizado tornou-se um esboço medíocre de vivacidade. Temos até hoje, enraizadas as lembranças desses tempos de engano. A sociedade e as religiões padronizaram e engessaram a criatividade e a livre expressão.


Afinal, somos a comunhão do espírito com o corpo, denominado alma. Esta é a definição para o espírito encarnado, nossa condição atual. Não é à toa que estamos aqui, nem obra do acaso.
Não faz sentido escondermos a nossa natureza divina e animal que se fundem.

Quando trabalho com o xamã Yamahe, sinto a conexão que ele tem com a natureza terrena e espiritual. Ele é uma consciência espiritual em contato com as energias do céu e da terra, de Deus e de Gaya.
Algumas escolas espirituais ainda esbarram no preconceito sobre a manifestação espiritual xamânica e de outras falanges, por falta de entendimento. Não compreendem a utilização de velas, incensos, água, ervas, cristais e outros elementos. Defendem a incorporação sem expressão e movimento. Nada além de preconceito que se prolonga pela insistente rejeição do corpo como expressão de Deus.

O xamã entoa seu mantra, movimenta e manipula as energias telúricas e divinas. No processo terapêutico para a cura multidimensional, acessamos a alma, neste encontro de corpo e espírito.
Quanto sofrimento carregamos por falta de compreensão e aceitação de nós mesmos?
Viver negando sua origem, sua natureza, como numa dança de alguma corte europeia, invariavelmente não traz felicidade. É preciso se soltar, permitir-se. Deixar que o corpo e o espírito se manifestem livremente, expondo toda a beleza contida na alma, sem rigidez, sem preconceitos e julgamentos.

Em todos os meus atendimentos, percebo que sempre há, entre outras coisas, uma placa de “proibido” na vida do cliente, que precisa ser retirada do caminho, porque impede a manifestação da alma, a compreensão e reconexão com ela. Este entrave pode ser um preconceito, alguma crença antiga ou um aprendizado acolhido na infância ou em vidas passadas.
Vergonha, culpa e repressão são os sentimentos que acompanham a sensação de inadequação da expressão natural, que passa a ser proibida e negada. Como uma criança que repreendida em sua inocência e fixada neste aprendizado, perde um pouco de seu verdadeiro ser.
Há uma falsa ideia de que devemos escolher um modelo de vida a partir de critérios estipulados pela sociedade, para uma vida satisfatória e aprovável, com comportamentos artificiais e mecânicos. É a velha história de que o ego precisa de aprovação.
Porém, ninguém é só bonzinho ou só malvado. Entre heróis e outros arquétipos, vivemos a fantasia que o inconsciente coletivo nos oferece. Um dia somos a caça, outro o caçador.

Quando desrespeitamos os apelos do corpo e do espírito, deixamos de sentir prazer, vivemos por obrigação, tropeçando em regras de conduta e infelicidade.

Como viver sem sentir prazer?
O corpo nos proporciona duas únicas sensações em nossa inter-relação com o mundo, Podemos sentir prazer ou dor. São estímulos primários da vida que nos direcionam às escolhas. Quando o animal sente dor, ele se resguarda, ataca ou foge. Sentindo prazer, ele busca mais contato. E, desta maneira, o espírito encarnado vivencia os prazeres e as dores do corpo.
Não podemos negar o sangue que corre pelas veias e flui na dinâmica da vida. Somos carne, um complexo mineral, vegetal e animal. O corpo é tão sagrado quanto o espírito.
Somos da terra, da água e das matas. Somos animais selvagens e também seres de luz.
Não há nada de errado em nós e a perfeição está no ser integral, que assume a sua verdade.

Quando Osho falava sobre meditação, era exatamente isto que ele queria dizer. Estar conectado ao seu corpo e seu espírito em celebração, isto é presença, é estado meditativo, é vida.
O momento presente, aqui e agora, é conquistado pelo caminho da expressão de si mesmo.
A humanidade colhe os frutos da mentira em que viveu no passado e que ainda carrega na atualidade. As pessoas ficaram tristes e apáticas porque perderam suas almas em algum momento, quando acreditaram que deveriam reprimir sua natureza, seja espiritual ou física.

A alma gosta de dançar, de seguir sua intuição e seus instintos. Ela é graciosa e ao mesmo tempo valente como um animal selvagem. Ela observa a natureza e se sente parte do planeta. Seu caminho é seguro e a paz que ela emana, reflete para o mundo.
A alma é viva, alegre e espontânea. Não há medo, apenas respeito pelas leis que regem a vida e a morte. Diferente do ego, ela sabe que pertence ao Todo.

A presença do xamã nos adverte neste momento para que soltemos o nosso animal e nosso espírito, numa viagem de reconexão. Se você os prende, corre o risco de que eles escapem por aí, sem rumo e sem domínio.
Aprendi com meu xamã Yamahe que a doença é consequência da falta de expressão. Quando a gente reprime nosso corpo ou nosso espírito, o fluxo do sangue e de energia que os representam, ficam estagnados e adoecemos.
Para que a cura aconteça é necessário que se permita e liberte a alma aprisionada pelo ego.
Intuição vem do espírito e instinto vem do corpo. São duas bússolas que nos fazem seguir pelo caminho do poder.
Não é o poder do homem civilizado que se agarra ao que não pode segurar. O poder do qual falamos é da alma, que traz sabedoria e que conversa com a natureza e com os espíritos.

O xamã dança, canta o seu mantra e cura o corpo e o espírito, porque não separa a alma.
O curador que olha para seu doente, apenas dando atenção ao corpo, abandona a voz dos espíritos. Porém, o curador que ouve os espíritos e também o corpo cura o ser integral.
Não há saúde se não vivenciarmos a intuição e o instinto. O xamã conhece os mistérios que as duas vozes lhe desvendam. O homem civilizado precisa voltar às origens antes de querer entender a Deus.
Celebre a vida, o corpo e o espírito!

Expresse seu ser, o divino e o humano em um só coração.

Salve!
Nadya Prem e Xamã Yanahe 

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