sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Dúvidas - Ego X Observador



Em quais ocasiões de sua vida você realmente teve certeza de qual era a melhor escolha a ser feita?
Quantas vezes você titubeou antes de escolher e, depois de ter escolhido, arrependeu-se ou foi tomado pela angústia e insegurança?
No momento de decidir sobre algo importante e que poderá alterar o rumo de nossas vidas, a dúvida pode nos trazer a reflexão necessária para escolhermos com maior assertividade.

Mas, em que nos basearmos nesse instante de questionamento? Em quais parâmetros nos guiarmos para escolher o melhor caminho? O que considerar, em quais valores nos apoiarmos como indicadores?
Entre algumas escolhas mais difíceis estão as que se referem aos relacionamentos amorosos e profissão. Uma crise na relação conjugal pode nos colocar em grande dúvida. Pensar e repensar se vale a pena continuar a relação, se estamos nos desgastando à toa, se ainda queremos estar ao lado desse alguém. Uma escolha profissional também pode ser bastante difícil e gerar dúvidas.

Mudança de moradia, de cidade, a compra de um carro novo e até escolhas simples, como uma roupa para usar, podem também provocar dúvidas e um grande conflito interior.

Quais as causas de tamanha insegurança e de tantas dúvidas em nossas vidas?
Nem sempre sabemos o que realmente queremos. Normalmente valorizamos o que não temos, porque fantasiamos e criamos expectativas, que muitas vezes se tornam uma realidade frustrante quando conquistamos. Então, criamos novos desejos e o ciclo recomeça. Nunca há a realização plena porque escolhemos a partir do ego.
Em regra, movidos pelo medo e pela necessidade de controle da vida e de todas as situações, lutamos por ter o domínio sobre o outro e os acontecimentos.  
Temos que aceitar a vida como se mostra e as pessoas como são, sem a ilusão de que poderemos mudá-los, cientes que os problemas não surgem no outro ou nos acontecimentos, mas em como reagimos a eles, como nos sentimos nessa interação com o próximo e com o mundo.
Guiados pela autoimagem como se fosse nosso verdadeiro eu, ficamos desconectados de nosso ser. O ego é apenas um aglomerado de rótulos que adquirimos sobre nós mesmos e que tentamos sustentar como nossa identidade, mesmo que isso nos cause imenso sofrimento.
Quando eu era mais jovem, o domínio que o ego exercia sobre mim, muitas vezes me fez de tola.

Sabe, quando você veste uma roupa que lhe incomoda, um sapato que lhe aperta, mas, mesmo assim continua usando, para manter a sua imagem perante o outro?
Você vai para uma festa e tem que estar vestido de acordo com a comemoração. Uma grande encenação, um teatro com coreografia, cenografia e fantasias...
Viver no  ego é assim! Uma novela mexicana ou uma comédia romântica.

As dúvidas em excesso e a dificuldade em escolher podem indicar que nos conhecemos muito pouco. Não sabemos quem somos, o que estamos fazendo aqui. Por isso, nossa vida pode se tornar uma bagunça, cheia de conflitos. Ela refletirá nossa confusão interior.

Como decidir sem se arrepender? Como saber se escolheu o que era melhor?
A responsabilidade por nossa vida e escolhas é nossa e de mais ninguém. Nunca parta do principio de que a escolha se fundamenta no outro. Não somos vítimas, nem o outro é culpado por nossos sentimentos e nossas dúvidas.
O nosso mundo interior nos pertence e precisamos estar no domínio.
Então, ninguém poderá escolher por nós. Isso acontece muito em terapia quando o cliente acredita que o terapeuta lhe mostrará qual o caminho a percorrer e lhe dirá o que fazer e quais as melhores escolhas. Alguns buscadores  esperam que os guias espirituais lhes respondam com quem devem se relacionar, qual trabalho devem seguir. Querem previsões de seu futuro, confissões sobre fidelidade do cônjuge, cura instantânea e por aí vai...

Nenhum terapeuta sério e muito menos um benfeitor espiritual de elevada condição evolutiva cometerão tais enganos.
Expor seus questionamentos e dúvidas para alguém é muito saudável e pode ajudar bastante, desde que não caia em mãos de "conselheiros do ego", os "amigos da onça".
Faz-se necessário entender o Livre-Arbítrio. Estamos vivendo segundo nossas crenças, nossos gostos, nossas tendências e de acordo com uma programação espiritual que nos conduz. Precisamos crescer e resgatar dívidas do passado. Somos chamados a trabalhar nossa reforma íntima e, somente pela prática diária da vida e das escolhas, poderemos aprender.

Precisamos nos conhecer para sabermos o que é melhor para nós. Conhece-te a ti mesmo e sua vida se transformará.
Temos varias vozes dentro de nós que nos falam o tempo todo e nos confundem em sentimentos conflitantes.

Qual voz ouvir?

Aprender a acalmar a mente é a primeira condição essencial, que nos proporcionará a paz necessária para irmos à profundidade de nosso ser, para escutar os nossos sentimentos profundos, escutar a nossa alma.

Parar de racionalizar, medir, comparar e querer controlar. Deixar de lado as imposições do ego. Essa identidade falsa  que não nos ajudará na escolha, porque suas escolhas se baseiam apenas em suas reações emocionais e sua visão distorcida. O ego não reflete o que realmente somos e queremos.

Todo conflito interior e toda dúvida são o resultado do quero, mas não quero.

O ego quer, mas o eu verdadeiro não quer, ou vice-versa. Então quem vencerá essa disputa?
Se o ego vencer você sairá perdedor. Haverá frustração e sofrimento com uma sensação de autossabotagem
O ego pouco se importa com o sua essência e impede que se vivencie o Dharma. Segundo as filosofias orientais, o Dharma representa a verdade, a ordem natural de todo o Universo, como se o rio fosse o Universo e seu fluxo fosse o Dharma.

Portanto, para aprender a escolher, basta se entregar à vida e ao fluxo natural que nos leva pelo caminho correto.
Praticar o eu observador, que não julga, não deseja, não anseia. Apenas vivencia confiante o presente,   contemplando o aqui e o agora em silêncio.

Através da prática da meditação toda verdade será mostrada e o que era dúvida se tornará certeza.
Não há bom ou mal caminho, boas ou más escolhas, há apenas o caminho que agrega  os dois opostos, unidos no Tao.

Liberte-se de todo o conflito da dualidade e ouça o seu coração. A essência se manifesta no chacra Anahata, no centro de nosso ser, entre o céu e a terra, o alto e o baixo. Visualize a energia da luz rosa em seu centro Anahata e deixe que ele vibre a luz que iluminará a sua vida.

Namastê!

Nenhum comentário:

Postar um comentário