segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Pés no Chão, aterre-se!

 Pés no Chão! Aterre-se

por Nadya Prado - nadyaprado@uol.com.br

A espiritualidade é nosso caminho interno e a vida material, o externo, que coloca o espírito em movimento para o seu necessário aprendizado.
São caminhos convergentes e que seguimos em conjunto. Se deixamos um ou outro de lado, sem dar a devida atenção, tornamo-nos como cegos à deriva.
O aterramento é a conexão com a terra, quando os pés pisam firme o chão e criam uma relação energética de compartilhamento e troca com as forças telúricas.
Uma árvore saudável deve ter raízes que lhe prendam à terra, de onde retira a seiva. Na fotossíntese, assimilando o gás carbônico e dando em troca o oxigênio aos céus que purifica.
Todo espírito, como uma árvore, precisa estar aterrado, conectado com a vida terrena. Trocando energia numa relação de reciprocidade, descarregamos o excesso e as negatividades no solo e em suas profundezas e recebemos as energias telúricas renovadas que nos dão vitalidade e força.
No campo das experiências humanas, somos convidados a adubar a terra, retirar as ervas daninhas, desvendar o nosso mundo interno. Transformando o impuro em puro, as trevas em luz, pelo convívio com o mundo externo.
Alguns desanimam e abandonam a seara. Fecham as portas e janelas que os conectam com a vida e vão perdendo o contato.
Constroem muralhas, castelos de ilusão, prendem-se ao mundo mental, as ideias, aos preconceitos e julgamentos. Vivenciando apenas a sutilidade e subjetividade, sem colocar em prática os conteúdos internos.

Podemos compreender a falta de aterramento em comportamentos que, claramente, desviam-se do caminho terreno a que estão destinados.
Pessoas que têm dificuldade em seus relacionamentos interpessoais e preferem, inconscientemente, fugir de sua realidade. Seja se dedicando obsessivamente ao trabalho, ou a família, ou a espiritualidade, sempre tentará ocupar seu tempo de forma a evitar a si mesmo.

A excessiva dedicação à espiritualidade, por exemplo, sem o devido cuidado e atenção ao plano terreno, pode levar a sérios desequilíbrios, tanto quanto, o contrário.
Como espelho, os outros nos mostram as nossas deficiências, nosso lado obscuro e não reconhecido. Fazem aflorar os nossos instintos, nossas reações emocionais, nosso lado animalizado.

O contato com a terra provoca esse “choque” capaz de transformar.
Nos trabalhos de desobsessão, o choque anímico é o principal instrumento para que o espírito desencarnado, em sofrimento, possa despertar de seu estado mental cristalizado.
Trata-se do contato do espírito com as forças animalizadas do médium, que como uma carga elétrica muito forte, possibilita ao espírito sua manifestação.
Por isto, a necessidade dos médiuns nos trabalhos de desobsessão, porque sem eles não há como promover o choque.

Muitos, sem consciência de sua mediunidade, passam por grandes apuros, até se darem conta e se desenvolverem. Cercados por espíritos sofredores que vibram na mesma sintonia, os médiuns desavisados acabam oferecendo a eles sua energia animalizada, de forma desequilibrada, fortalecendo o apego deles à matéria. Um tipo comum de vampirização energética e espiritual.
Perde-se a oportunidade de auxílio aos sofredores e encaminhamento, decorrente do choque anímico, além de enfraquecer o médium e colocá-lo a mercê das forças que desconhece.
Problemas profissionais, financeiros, falta de prazer estão diretamente relacionados com a falta de aterramento.Todas as facetas que nos colocam em harmonia com a vida material e que representam a abundância e prosperidade deixam de fluir.

O chacra da raiz, o Muladhara, localizado na base da espinha, liga-nos ao mundo físico. A energia telúrica penetra em nosso sistema por ele. A força vital kundalini que nos sustenta.

Quando equilibrado, sentimos que somos parte da vida, experimentando a Terra como um lugar seguro, nosso lar. Entramos em sintonia com a natureza e seus ciclos.
A deficiência dessa interação com o planeta e o hipofuncionamento desse chacra causa pouca resistência física, psicológica e mediúnica.

O uso de drogas psicoativas, o padrão mental e emocional negativo, a falta de interesse pelo presente, provocam o enfraquecimento dos laços terrenos e abrem brechas para o acesso indevido as outras dimensões.
Assim também, os acontecimentos passados, desta vida ou de outras, traumas que podem nos tornar refratários à vida. Como defesa, construímos uma couraça que não permite mais o acesso e a troca. Nada entra ou sai.

O medo de viver e de encarar o mundo passa a dominar os instintos. Entre lutar, fugir ou se fingir de morto, abandona-se a luta.
Nossa parte animalizada é tão importante quanto nosso lado sutil. A luta é o enfrentamento necessário. As emoções são nosso corpo que pulsa e que se sente vivo. Se não há emoção não há vida.
A sensação de não pertencer a esta vida, de não estar inteiramente aqui, são sintomas clássicos da falta de aterramento. A pessoa fica fragilizada e vulnerável.

Entre as complicações acometidas pela falta de aterramento, na visão transpessoal ou metafísica, podemos citar as psicopatologias esquizofrênicas, a Síndrome do Pânico, o Alzheimer, entre outras enfermidades.
Pessoas que perdem a vontade de viver, também facilitam sua desconexão com a energia telúrica e ficam mais suscetíveis a vibrar na mesma sintonia que as doenças que as acometem.
Gostar de viver é tão essencial quanto às necessidades básicas à sobrevivência. Doentes que acreditam em sua cura, que não reclamam, não se sentem vitimizados e verdadeiramente aceitam e olham para o significado ou a mensagem que está implícita na doença, têm a possibilidade muito maior de se curar.

A fuga da realidade e objetividade da vida gera, ao ser, sua desconexão com as energias que lhe animam. A metafísica entende a doença como um mapa para desvendarmos a nós mesmos, quando perdidos no caminho, na busca da autorrealização e evolução espiritual.

Vejamos o significado que pode assumir os exemplos dos desequilíbrios acima citados:

A esquizofrenia nos traz a alusão metafísica: Eu sou perseguido, querem que eu mate, vejo coisas terríveis, sou outra pessoa...

A Síndrome do Pânico é um medo desproporcional da morte e também da vida, porque não existe morte sem que estejamos vivos!

O Alzheimer é um esquecimento, um afastamento do presente, das lembranças recentes, um enfraquecimento de quem eu sou hoje.

Percebemos a desconexão com a vida terrena atual nos três casos. Um enfraquecimento do ego, uma fragilidade para o enfrentamento do presente, uma fuga da realidade terrena,  falta de enraizamento, sem aterramento.

Os pés perderam o chão e como um balão solto no ar, o corpo perde o contato com a terra.

Em relação a Síndrome do Pânico e a mediunidade, os sintomas são causados por uma sensibilização maior aos planos sutis. O médium sente a aproximação dos espíritos com mais intensidade, ele tem sua parafisiologia aberta para assimilar as sensações transpessoais.

O médium tem que incorporar a si mesmo primeiro, ou seja, enraizar-se para depois trabalhar seu lado mediúnico. Falta de aterramento é a causa dessa exagerada conexão espiritual.

Porém, não se contente com alguns exercícios mirabolantes para curar a falta de raízes.

O enraizamento acontece na prática, na vida diária, no convívio. Na aceitação das pessoas como se apresentam e da vida como é. O processo terapêutico transpessoal compreende e facilita ao buscador o engajamento tanto à vida quanto ao caminho espiritual.
Assim como uma árvore com sua copa cheia de frutos e suas raízes profundas, é necessário acreditar na capacidade de transformar gás carbônico em oxigênio.

Transformar o impuro em puro, as trevas em luz!
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