terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O espírito nasce velho e morre criança...




Se você ainda não assistiu, eu recomendo que veja O Curioso Caso de Benjamin Button, conto de F. Scott Fitzgerald. Ele traz a história do personagem Benjamin, que nasce com a aparência e doenças de um velho e, com o tempo, vai rejuvenescendo, até se tornar um bebezinho.  O desenvolvimento psicológico acontece naturalmente, apesar do corpo de um velho, seu aprendizado cognitivo ocorre como em uma criança e após se tornar um adulto, ele começa a retroceder, até alcançar a pré-adolescência e adquirir os primeiros sinais de demência ou esquecimento de si mesmo.

O conto nos leva a uma série de reflexões sobre o tempo e nosso desenvolvimento psicológico e físico. Aqui proponho as observações que faço apoiadas na dimensão transpessoal, a qual me dedico.
A criança tem como característica, natural, um corpo bastante flexível e, aos poucos, atingindo a maturidade, começa a envelhecer fisicamente, perdendo sua agilidade, mais ou menos, dependendo de como ela vive. Psicologicamente o processo é parecido em alguns aspectos e diferente em outros. Sabemos que o nosso modo de pensar e agir influenciam em nossa longevidade, na saúde mental e física.

Quando o bebê nasce, ele é completamente solto de imposições do ego e com o tempo vai sendo moldado pela convivência com o meio. Esta personificação acontece segundo padrões externos que são internalizados e identificam uma pessoa, um indivíduo.

No âmbito transpessoal e da psicologia do corpo, entendemos que a mente e as emoções se corporificam e durante o processo de personificação, o adulto, quase sempre, vai ficando muito rígido, amparado por limites estreitos de seu entendimento sobre si. As couraças são criadas no decorrer de sua vivência e ele perde sua percepção de interação com o Todo e o seu imenso potencial. O Todo se refere ao conjunto das manifestações de vida do universo com a qual estamos entrelaçados.

Jung compreende que, após o amadurecimento psicológico, nos meandros do ego, iniciamos a fase da metanóia, da mudança, do clímax da dominação egoica , começamos o caminho de reencontro com o self, entendendo por self como a nossa essência não personificada.

Agora, levando em consideração que somos uma essência espiritual e já vivemos várias vidas terrenas, podemos dizer que nosso espírito velho, renasce num corpo novo. E analisando o filme por este ângulo, não parece tão insensato que um homem nascesse velho, rígido e doente, tornando-se dia a dia como uma criança saudável e flexível, sempre pronta a transformação.

O tempo, na jornada terrena, ensina que vivemos ciclos e que tudo se transforma. A ilusão de que morremos e que a velhice é o começo do fim, não condiz com nossa condição de espíritos eternos. A Natureza nos leva na velhice a admitirmos nossa pequenez diante da sua grandiosidade e a necessidade de nos curvarmos a ela.

O dia e a noite têm como glorioso ensinamento de que nada acaba e que tudo se renova. As interpretações que fazemos sobre todas as coisas, a vida, a morte, o tempo, o corpo e a mente, levam-nos para o  melhor ou o pior.

Os preconceitos arraigados sobre ser criança e ser adulto, têm nos feito infelizes, muitas vezes, ao acreditarmos que ser adulto é ser duro, rígido, sofrido e cheio de experiências dolorosas. Esta é a mensagem que tem enviado ao seu mundo interior, sua mente e seu corpo?
Reconecte-se com a sua postura de criança, que traz a mente e o corpo despertos, para a interação com algo maior, com o Todo.  

A vida terrena é uma experiência de transformação e renovação, onde deixamos para traz o homem velho, rígido e doente e assumimos a criança pronta a novos aprendizados evolutivos. Quem sabe, no conto do curioso caso de Benjamim, o mais curioso seja a nossa estreita visão sobre a vida?

Criamos a realidade a partir do que consideramos como real, em nosso infinito imaginário coletivo, que podado pela síndrome da adultice, impede-nos de sermos felizes, sendo condenados ao domínio da pouca criatividade do ser individual personificado e encouraçado.

Namastê, seja amor!
Nadya Prem

Orientação e |terapia transpesssoal
informe e valores nadyarsprado@gmail.com


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