quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A Química do Sofrimento da Alma


Resultado de imagem para quimica
 Um artista pintou uma tela que traduzia o seu sofrimento. Em um arroubo de fúria ele a destruiu, mas o seu sofrimento continuou lá dentro dele, nada mudou.
Em todos os desequilíbrios psicológicos e físicos nos defrontamos com o sofrimento que está além da dor física que pode ser apalpada num exame médico.
Somos portadores dessa sensação que extrapola os cinco sentidos e que chamamos de sofrimento. Ele não é físico, mas é sentido em alguma parte de nós. O sofrimento não pode ser tocado pelas mãos, mas algumas vezes, ele vem à tona, na catarse, quando recebemos uma massagem, num abraço, num carinho.
Ele está presente em nosso ser, incomodando, roubando o nosso prazer, destruindo nossos relacionamentos, tirando nossa qualidade de vida e nosso direito a felicidade.
Nos transtornos psicológicos, o sofrimento é mais crível e no ambiente das sessões psicoterápicas, ele é o personagem principal. Falar sobre o sofrimento e tentar resolver as questões que ele acomete, faz parte do processo terapêutico.
O sofrimento é um vilão implacável e a ciência tem um entrave em relação a ele, porque em seu paradigma materialista não cabem sensações sutis ou abstratas. Ele surge somente na escuridão sutil.
Por esta dificuldade, por uma visão estreita aos limites da mecânica materialista, o ser humano é combalido pelos venenos que ele próprio fabrica, na ânsia que traz para alterar a química do sofrer.
Porém, não basta mudar a química do corpo se não compreendermos a química da alma. E como tratar a alma?
A medicação para a alma é o acolhimento, a aceitação e a transformação do sofrimento em cura. Um caminho que faz florescer a compaixão e dissolver o campo das emoções destrutivas.
Em pequenas doses de autoconsciência podemos compreender que todo sofrimento traz, no fundo, um desejo por amor, prazer, alegria, bem-estar. Essas sensações internas que, ignorantes de nós mesmos, buscamos fora de nós. Tentamos sentir sensações agradáveis em alguém, em alguma situação ou objeto de desejo. Mas, todo o bem-estar que se baseia no outro, sempre é passageiro.
Nada que venha de fora, seja o que for, seja quem for, será capaz de prover nosso mundo interior permanentemente. Porque nada temos, mais que a nós mesmos. E precisamos aprender a conviver com a nossa própria companhia.
O sofrimento é falta de autoamor. É uma casca dura e grossa que criamos no campo emocional e mental, dos pensamentos e sentimentos disfuncionais. Uma casca que ganha vida própria, porque acreditamos em sua existência.
Pensamentos e sentimentos disfuncionais sobre a vida, sobre quem somos. E geram um corpo de sofrimento, desequilibrado e constituído de medo. Ficamos envoltos por uma sombra que não permite a passagem da luz que nosso ser essencial traz.
Esse corpo de sofrimento que é sutil e tão real vai se cristalizando e atingindo o corpo físico.
É necessário regatar a alegria e o prazer pela vida, desmanchar a corpo do sofrer. Ele serve como uma defesa, um escudo protetor contra novas experiências. Ele é constituído por experiências negativas do passado que são sua matéria prima. O corpo de sofrimento impede a liberação dos hormônios da felicidade, do bem-estar.
Ele nos fala o tempo todo sobre o que é certo ou errado, sob o prisma do passado e como podemos tentar controlar o futuro. Ele produz doenças no corpo e alimenta a mente doentia.
Para tratar as doenças geradas pelo corpo de sofrimento até dissolvê-lo é necessário escapar das armadilhas da mente e nos colocar no aqui e agora.
Primeiro praticar meditação e observar o corpo do sofrer. Dissociar-se dele e acessar a luz interior que cura. Um caminho do sofrimento ao amor incondicional, do medo à compaixão, do ego ao self, do sofredor ao iluminado.
E assim guiar a reconstrução de um ego saudável que serve ao espírito como roupagem transitória para suas conquistas eternas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário