Seja pela porta de sua casa ou de seu coração, esteja atento a quem deixa entrar em sua vida.
Sei que aprendemos a não negar amparo e abrigo a ninguém e que devemos acolher o outro. Porém, o nosso espaço físico, emocional, mental e espiritual, pode ser invadido por energias que não nos pertencem, prevalecendo-se da falta de limites e atenção de nossa parte.
Ser “bonzinho” nem sempre é o ideal para conquistarmos uma relação saudável. Precisamos saber em que momento dizer não, recusar, fechar-se. Proteger-se como uma forma de autoamor.
As relações amorosas, profissionais, familiares e sociais devem ser construídas respeitando-se alguns limites.
Não se perca querendo agradar a todos, esteja em si, O autoconhecimento convida você a compreender melhor a si mesmo e, tomando posse de si, você tem a possibilidade de melhores escolhas. Agrade primeiro a si mesmo.
Se alguém vai entrar em sua vida , essa pessoa precisa ser convidada por você. Escolher seus relacionamentos e como eles serão é sua responsabilidade. Depois você não poderá culpar o outro pelo que tem acontecido com você.
Não se deixe ser facilmente influenciado. Assuma uma postura firme e ao mesmo tempo flexível, não confundindo firmeza com rigidez. Você tem que saber o que quer , que tipo de relacionamento você quer viver. A falta de posicionamento e de foco diante da vida e das pessoas, divide-nos em atitudes divergentes e nossa energia se torna flácida, descompactada, permeável e se esvai. Perdemos o domínio de nós mesmos, envolvidos no emaranhado das influências externas.
Deixar que o outro vá além dos limites, enfraquece nossa integridade , tanto física quanto espiritual. e somos bombardeados pela energia alheia. E caso não tenhamos estrutura suficiente para continuarmos no domínio, nossas defesas são destruídas facilmente.
A flexibilidade e resiliência são a chave para o acolhimento, mas com imposição de limites. A resiliência é como um elástico que se expande, sofrendo o estresse e a tensão e depois voltando ao seu formato original. A flexibilidade é como um bambu que se enverga sem quebrar. Então isso nos leva a compreensão de que devemos saber ouvir e acolher, sem, no entanto, nos desfazermos em pedaços.
Mas, como agir para manter a integridade, ocupando nosso espaço na vida sem ferir o próximo ou ser egoísta?Como impor limites?
Tem gente que deixa as portas de sua casa abertas para quem quiser entrar. Perceba que quando convida alguém para entrar, você estará sujeito a receber as influências que essa pessoa traz consigo. Imagine que alguém entre com os sapatos sujos de lama, porque você não reparou ou viu e ficou com vergonha de pedir para retirá-los... Você terá que limpar o seu chão, lavar o tapete.
Em todos os âmbitos da vida é deste modo que as coisas acontecem.
Numa relação amorosa, aprendemos sobre o amor e amar não é deixar que o outro se imponha, prevalecendo as vontades dele ou que manipule o convívio. Ambos devem ser respeitados e a liberdade de um termina quando começa a do outro. Independência acima de tudo! O autoamor é o sentimento que nos imuniza contra invasores. Primeiro amar a si mesmo e assim ter a capacidade de amar o outro.
Na vida profissional, a imposição de limites é essencial à sobrevivência dentro do grupo de colaboradores. Estar aberto às inovações, às mudanças constantes, ser flexível. E tudo sem, no entanto, permitir ser explorado e esmagado pelos outros e pela organização.
Na vida familiar, também, a sua postura será uma manancial de conflitos ou de carinho e paz entre os familiares. Aquele velho ditado que diz para não colocar mais lenha na fogueira. A convivência é mesmo complicada, exige jeito...
Em todas as relações, o principal é não se guiar pelo medo, porque ele é a porta aberta para os convidados inconvenientes. Medo de assumir o seu espaço, suas convicções, seus questionamentos. Ser o que é, assumindo sua condição atual, seus defeitos, seus méritos, seus talentos, suas sombras. Estar flexível para o novo , para o autoconhecimento e a transformação interior.
O medo também é não agir como um animalzinho ferido e feroz, com raiva e agressividade desmedida.
Lembre-se:
Toda construção requer alicerces que a sustentem e lhe tragam estabilidade. Sua casa interior deve estar protegida contra as intempéries da natureza e ser suficientemente acolhedora para que todos os convidados possam ser recebidos. Escolha quem quer convidar, você não precisa receber o fofoqueiro que fala mal de todos ou o bêbado que quebra seus copos.
Enfim, entenda que estar na energia do “bem” não significa acolher as mazelas, engolir sapos e pisar na lama. Amar ao próximo não é se deixar de lado em prol do outro. Ajudar a quem precisa não é anular suas próprias necessidades.
A prosperidade, a saúde e plenitude são resultados do autoamor que proporciona a sabedoria para escolher quando e a quem abrir as portas.
Seja o seu falar “sim, sim, não, não” (Mateus,5,30)
Seja Amor!
Nadya Prado
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